Análise
do conto: A Cartomante
Camilo e Rita são amantes. Esta, em dúvida quanto aos sentimentos do amado, decide consultar uma adivinha que lhe diz que não temesse, porque era verdadeiramente amada. Camilo, que não acreditava em tais “crendices”, diz à sua amante que não se preocupasse, porque seu amor era genuíno, mas que não andasse por aquele tipo de casa, pois se o Vilela soubesse que andava frequentando tais lugares, certamente poderia começar a desconfiar de algo.
Camilo e Vilela eram amigos de infância – que se reencontram, tempos depois, na capital federal. Este era advogado e aquele “preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público”. Vilela, o magistrado, era casado com “uma dama formosa e tonta”.
Repare que o narrador não só apresenta ironicamente os protagonistas, como também destila seu veneno contra os empregados públicos e as donzelas românticas.
O narrador nos apresenta Camilo como um moço ingênuo, sem experiência, nem intuição, e Rita como uma mulher mais experiente (tinha trinta anos), capaz de incitar o incauto rapaz até mesmo com vulgaridades sublimes num cartão de aniversário.
Seduzido Camilo, “Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca”. Começam, então, a viver as delícias do amor até que Camilo começa a receber cartas anônimas e a rarear as visitas à casa do amigo Vilela, que começa a se mostrar desconfiado.
A narrativa atinge o ponto máximo quando Camilo recebe o seguinte bilhete de Vilela: “Vem já, já, à nossa casa, preciso falar-te sem demora”. Depois de hesitar, decide ir à casa do amigo, encarar a verdade dos fatos. Entretanto, a condução que tomara tem seu caminho bloqueado próximo à casa da cartomante que Rita consultara. Vem, então, a Camilo, uma vontade de sondar a pitonisa para tentar adivinhar quais seriam as intenções de Vilela.
A cartomante infla a alma do jovem de esperança e diz que Vilela “ignorava tudo”, mas que era preciso ter cautela. Finda a consulta, a cartomante diz a Camilo: “Vá, ragazzo innamorato” e ele segue cheio de esperanças, para a casa de Vilela. Chegando à residência do amigo, é convidado a ir a uma saleta onde jazia o cadáver de Rita, ensanguentado, e onde encontra a morte pelas mãos do marido traído, por intermédio de dois tiros certeiros.
A história se inicia com uma citação shakespeariana: “há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”, cujo objetivo é nos apresentar a) à crença de Rita na cartomante e b) o desfecho trágico (irônico) do conto.
A citação funciona, num primeiro momento, como um referente específico da fala de Rita a Camilo, revelando o possível papel do sobrenatural (interpretado pela cartomante) nas relações pessoais: as forças invisíveis podem reger positivamente o destino das pessoas.
Entretanto, observado o enredo, a mesma frase funciona como um referente genérico, que nos insinua que a vida é mistério – nada pode ser previsto –, não se podendo, pois, acreditar nas predições que nos fazem. Veja que o olhar de Machado nos insinua, numa piscadela, que para quem não consegue perceber a leitura irônica do enunciado, resta o desfecho trágico, tal como ocorrera com Camilo.
Camilo e Rita são amantes. Esta, em dúvida quanto aos sentimentos do amado, decide consultar uma adivinha que lhe diz que não temesse, porque era verdadeiramente amada. Camilo, que não acreditava em tais “crendices”, diz à sua amante que não se preocupasse, porque seu amor era genuíno, mas que não andasse por aquele tipo de casa, pois se o Vilela soubesse que andava frequentando tais lugares, certamente poderia começar a desconfiar de algo.
Camilo e Vilela eram amigos de infância – que se reencontram, tempos depois, na capital federal. Este era advogado e aquele “preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público”. Vilela, o magistrado, era casado com “uma dama formosa e tonta”.
Repare que o narrador não só apresenta ironicamente os protagonistas, como também destila seu veneno contra os empregados públicos e as donzelas românticas.
O narrador nos apresenta Camilo como um moço ingênuo, sem experiência, nem intuição, e Rita como uma mulher mais experiente (tinha trinta anos), capaz de incitar o incauto rapaz até mesmo com vulgaridades sublimes num cartão de aniversário.
Seduzido Camilo, “Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca”. Começam, então, a viver as delícias do amor até que Camilo começa a receber cartas anônimas e a rarear as visitas à casa do amigo Vilela, que começa a se mostrar desconfiado.
A narrativa atinge o ponto máximo quando Camilo recebe o seguinte bilhete de Vilela: “Vem já, já, à nossa casa, preciso falar-te sem demora”. Depois de hesitar, decide ir à casa do amigo, encarar a verdade dos fatos. Entretanto, a condução que tomara tem seu caminho bloqueado próximo à casa da cartomante que Rita consultara. Vem, então, a Camilo, uma vontade de sondar a pitonisa para tentar adivinhar quais seriam as intenções de Vilela.
A cartomante infla a alma do jovem de esperança e diz que Vilela “ignorava tudo”, mas que era preciso ter cautela. Finda a consulta, a cartomante diz a Camilo: “Vá, ragazzo innamorato” e ele segue cheio de esperanças, para a casa de Vilela. Chegando à residência do amigo, é convidado a ir a uma saleta onde jazia o cadáver de Rita, ensanguentado, e onde encontra a morte pelas mãos do marido traído, por intermédio de dois tiros certeiros.
A história se inicia com uma citação shakespeariana: “há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”, cujo objetivo é nos apresentar a) à crença de Rita na cartomante e b) o desfecho trágico (irônico) do conto.
A citação funciona, num primeiro momento, como um referente específico da fala de Rita a Camilo, revelando o possível papel do sobrenatural (interpretado pela cartomante) nas relações pessoais: as forças invisíveis podem reger positivamente o destino das pessoas.
Entretanto, observado o enredo, a mesma frase funciona como um referente genérico, que nos insinua que a vida é mistério – nada pode ser previsto –, não se podendo, pois, acreditar nas predições que nos fazem. Veja que o olhar de Machado nos insinua, numa piscadela, que para quem não consegue perceber a leitura irônica do enunciado, resta o desfecho trágico, tal como ocorrera com Camilo.
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